
Sinto contrações, sinto enjoos, Sinto desejos, sinto algo mexendo dentro de mim; chutando meu estômago, cutucando meu coração... Escuto vozes:
“Misture, desfrute, esfarele...”
Sinto que só atraímos o que desejamos e concebo isso como uma verdade absoluta.
Sinto dores na cabeça, no peito, nas pernas... Minhas pernas estão pesadas. Sinto-me inchada, mais uma vez enjoada, e as vozes... Volto a escutá-las:
“Pegue o pedaço, jogue, seja, alto, maior...”
Nossas emoções motivam dores por nossos corpos. Podemos sentir a dor que quisermos deixar as emoções provocarem.
Minha bolsa se rompeu! Minha honra... Foi estourada e pisoteada.
Estou grávida... Perdida, usada, jogada, ignorada, humilhada, abusada, observada... Como diferente, como doente. Falo baixinho que gravidez não é doença, pois, estou fraca, exausta e com muitas dores, mas ninguém me ouve. Esforço-me absurdamente e a voz não saí! Então, choro mais uma vez, só que desta feita sem lágrimas. Eu sequei todas que caíram. Eu sequei! Eu estou seca. Eu sou cerca! Eu fui cerca que por muitos anos separou o bem e o mal, o certo e o errado, o bonito e o feio, a regra e a exceção... E sem perceber fiquei cercada. Estou cercada e nem sei desde quando. To afogando... Em agonias! A dor aumenta. Preciso parir!
Este parto que está prestes a acontecer está me partindo em pequenos pedaços por dentro, e a cada novo pedaço partido este é virado ao avesso.
O que era invertido está sendo revertido.
Dói muito... Gritos sem som... Dói muito... Cortes profundos...
Ossos, cartilagens, juntas, músculos, nervos, células, tecidos...
Tudo sendo revirado, quebrado, cortado, recolocado por não ter sido.
Estou parindo sozinha, sem companhia, sem anestesia, com poesia!
Sinto como se fosse um banho por dentro.
Pra lavar a alma que em algum momento,
Caiu em uma latrina.
- Quando eu estiver com a criança abraçada a mim, direi a ela seu nome. Sendo menina ou menino chamará: um motivo pra viver de novo.
- Ah... Esqueci de dizer meu nome. Na verdade eu não tenho nome. Mas, costumam chamar-me de: vontade de viver.
Ressuscite! Enfrente as dores de renovar-se...
Faça habitualmente um “checap” em sua vontade de viver.
Não deixe que ela adoeça, fique estéril ou morra com um filho na barriga.
Um brinde a coragem...